Sou novo aqui e depois desse texto fiquei com vontade de maratonar a todos nesse clima ameno que alegremente caiu sobre Salvador. Esse seu texto me lembrou um poema de Ocean Vuong, na parte que ele diz que "a parte mais bonita do seu corpo é para onde ele está indo". Sempre quando estou indo à faculdade escuto "Menino Deus" e agora vou lembrar sempre desse texto, que torna Porto Alegre um lugar de voltar e talvez nunca mais voltar também. A gente tem dessas: querer pertencer mesmo com a sensação de nunca está totalmente pertenço. Lindo texto <3
a gente sai de porto alegre e aí fica querendo que porto alegre nunca mude, pra gente poder voltar pra quela porto alegre que deixamos. esses dias precisei passar por lá e, apesar de ter amigas que ainda moram lá, não tinha mais uma casa pra ficar em porto alegre — desde que minha vó morreu e a casa dela foi desfeita, vendida, nada resta daquele apê no Cristal (com minha vó e meu vô dentro) que era meu porto seguro ao qual eu voltava sempre que cansava das aventuras em outros mil lugares que não eram porto alegre. enfim, tive que ficar num airbnb (na frente da redenção, maravilhosa localização, inédita pra mim que morava na zona sul) na cidade onde nasci.
Tenho medo de voltar a Porto Alegre e nada mais estar lá. Pelo menos a certeza de que a Casa de Cultura M Quintana permanece me dá um alívio. O Campus do Vale da UFRGS, com suas árvores e os cachorros errantes, me dá uma certa nostalgia. E o pastel da rodoviária, é claro. Lindo texto. Abraço.
Texto maravilhoso. Nasci e vivo até hoje em Porto Alegre. Acho particularmente interessante que essa cidade, não tão grande geograficamente, consegue ter uma dinâmica tão peculiar que as zonas norte e sul podem funcionar quase que como duas cidades diferentes. Me criei no caminho rumo à zona sul, e, na última década e meia, minha vida se concentrou rumo à zona norte. Mantenho minha zona eleitoral e, a cada dois anos, faço uma quase-viagem no tempo e vejo que, a cada vez, a região em que nasci muda consideravelmente. Para além disso, vivendo a decadência/destruição acelerada de Porto Alegre, de tempos em tempos tenho um estalo e sinto que estou perdendo minha cidade aos poucos, morando ainda nela. É possível se sentir exilado morando na mesma cidade a vida toda? Enfim, teus textos, sempre bonitos, sempre me sacodem. Abraço!
Minha avó também nunca voltou à aldeia pequenina em que nasceu, no interior de Portugal. Eu lá estive depois da morte dela, duas vezes. A primeira, sozinho, há 20 anos. A segunda com meus filhos, no ano passado. Mas sinto que já te contei isso em algum outro comentário? É possível. As memórias que carregamos pra todo lado insistem em nos conectar às histórias das outras pessoas. O mesmo que tu sentes em relação a Porto Alegre, eu sinto em relação a São Paulo, onde nasci e cresci. Às vésperas de deixar Bali, para onde me mudei faz um ano mas não fui capaz de criar raízes, não sei mais dizer onde é o lar para mim. A vaga está aberta. Quem sabe não a preencho nos próximos dois anos em que viverei em Portugal? Quem poderá saber?
Penso que os lugares nos quais nascemos,crescemos e nos criamos deixam,sim,de ser casa e/ou aventura.Mas são argamassa:ficam para sempre incrustados em nosso corpo e mente,queiramos ou não ,até morrermos...Gostei muito do sei texto. Obrigada, abraço!
Com minha existência nômade - desde que mudei para cursar a primeira faculdade andarilhei por vários estados e municípios brasileiros. Só os que estabelci residência fixa anos foram 6 municípios espalhados em 3 estados diferentes - me identifiquei totalmente com a dualidade "nunca mais/sempre voltar", as despedidas e retornos são sempre permados pela memória dos lugares.
Sou novo aqui e depois desse texto fiquei com vontade de maratonar a todos nesse clima ameno que alegremente caiu sobre Salvador. Esse seu texto me lembrou um poema de Ocean Vuong, na parte que ele diz que "a parte mais bonita do seu corpo é para onde ele está indo". Sempre quando estou indo à faculdade escuto "Menino Deus" e agora vou lembrar sempre desse texto, que torna Porto Alegre um lugar de voltar e talvez nunca mais voltar também. A gente tem dessas: querer pertencer mesmo com a sensação de nunca está totalmente pertenço. Lindo texto <3
Bem-vindo, Eliel! Obrigada pelo comentário. Nunca li os poemas de Ocean Vuong, mas adorei o "Sobre a terra somos belos por um instante".
Quando cheguei também maratonei todos. Recomendo. 🫶🏻
a gente sai de porto alegre e aí fica querendo que porto alegre nunca mude, pra gente poder voltar pra quela porto alegre que deixamos. esses dias precisei passar por lá e, apesar de ter amigas que ainda moram lá, não tinha mais uma casa pra ficar em porto alegre — desde que minha vó morreu e a casa dela foi desfeita, vendida, nada resta daquele apê no Cristal (com minha vó e meu vô dentro) que era meu porto seguro ao qual eu voltava sempre que cansava das aventuras em outros mil lugares que não eram porto alegre. enfim, tive que ficar num airbnb (na frente da redenção, maravilhosa localização, inédita pra mim que morava na zona sul) na cidade onde nasci.
é, deve ser estranho demais ficar num Airbnb na nossa cidade natal. Uma hora acho que vai acontecer comigo, hehehe.
Carol, sua escrita é sempre inspiradora!
Obrigada, Laura!
Tenho medo de voltar a Porto Alegre e nada mais estar lá. Pelo menos a certeza de que a Casa de Cultura M Quintana permanece me dá um alívio. O Campus do Vale da UFRGS, com suas árvores e os cachorros errantes, me dá uma certa nostalgia. E o pastel da rodoviária, é claro. Lindo texto. Abraço.
Valeu, Samuel!
Texto maravilhoso. Nasci e vivo até hoje em Porto Alegre. Acho particularmente interessante que essa cidade, não tão grande geograficamente, consegue ter uma dinâmica tão peculiar que as zonas norte e sul podem funcionar quase que como duas cidades diferentes. Me criei no caminho rumo à zona sul, e, na última década e meia, minha vida se concentrou rumo à zona norte. Mantenho minha zona eleitoral e, a cada dois anos, faço uma quase-viagem no tempo e vejo que, a cada vez, a região em que nasci muda consideravelmente. Para além disso, vivendo a decadência/destruição acelerada de Porto Alegre, de tempos em tempos tenho um estalo e sinto que estou perdendo minha cidade aos poucos, morando ainda nela. É possível se sentir exilado morando na mesma cidade a vida toda? Enfim, teus textos, sempre bonitos, sempre me sacodem. Abraço!
Acho que é possível sim se sentir exilado morando na mesma cidade a vida toda.
E acho que a mudança é percebida de uma forma diferente por quem fica e por quem sai.
Obrigada pelo comentário! Abraço
Que edição especial! Ameiii.. Sou uma leitura silenciosa, mas dessa vez precisei vir comentar. Sua newsletter é uma grande inspiração.
Poxa, obrigada, Marina! Que bom que você comentou :)
que lindo! me lembrou muito a sensação que tive assistindo “A Verdadeira Dor”. me emocionou e me deu vontade de ver a Alexandria da memória deles.
Um dos melhores filmes que vi esse ano.
Minha avó também nunca voltou à aldeia pequenina em que nasceu, no interior de Portugal. Eu lá estive depois da morte dela, duas vezes. A primeira, sozinho, há 20 anos. A segunda com meus filhos, no ano passado. Mas sinto que já te contei isso em algum outro comentário? É possível. As memórias que carregamos pra todo lado insistem em nos conectar às histórias das outras pessoas. O mesmo que tu sentes em relação a Porto Alegre, eu sinto em relação a São Paulo, onde nasci e cresci. Às vésperas de deixar Bali, para onde me mudei faz um ano mas não fui capaz de criar raízes, não sei mais dizer onde é o lar para mim. A vaga está aberta. Quem sabe não a preencho nos próximos dois anos em que viverei em Portugal? Quem poderá saber?
Você contou da avó sim. :) Não sabia que morava em Bali, que inusitado. Boa sorte em Portugal!
Pois é, um dos problemas de envelhecer é a quantidade de memórias que se repetem. Qualquer dia te conto de Bali, depois que estiver em Portugal. ;)
Excelentes as tuas reflexões. Belíssimo o trecho da Rebecca Solnit
Obrigada!
Penso que os lugares nos quais nascemos,crescemos e nos criamos deixam,sim,de ser casa e/ou aventura.Mas são argamassa:ficam para sempre incrustados em nosso corpo e mente,queiramos ou não ,até morrermos...Gostei muito do sei texto. Obrigada, abraço!
Boa, Denise. Tem razão.
Com minha existência nômade - desde que mudei para cursar a primeira faculdade andarilhei por vários estados e municípios brasileiros. Só os que estabelci residência fixa anos foram 6 municípios espalhados em 3 estados diferentes - me identifiquei totalmente com a dualidade "nunca mais/sempre voltar", as despedidas e retornos são sempre permados pela memória dos lugares.
Se despedir de um lugar é melancólico demais
Texto lindo. O sentimento de melancolia e ausência de certos lugares que foram esvaziados.
Obrigada!
sempre inspiradora.
morrer tbm é não ocupar espaços.
transmutar.
Lindíssimo num grau avassalador ❤️
procurando aqui minha foto nesse mesmo cachorro (álbuns espalhados pelo chão neste exato momento). Carol destravando memórias.
ah, que lindo <3
É maravilhoso se deparar com um texto que tangibiliza minhas sensações, dramas e reflexões pessoais. Que beleza de escrita.
Obrigada, Sérgio!