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Mar 19Liked by Carol Bensimon

Durante o isolamento social eu também entrei numa pira de ouvir vinil. E optei por montar o sistema de som com aparelhos analógicos, toca discos + receiver + caixas de som (convencido pela opinião dos especialistas de que os aparelhos novos não são tecnicamente bons). Nos últimos meses, esse hábito anda parado, porque o toca-discos que eu tenho quebrou e estou sem dinheiro pra comprar outro. Mas sim, é bom demais; o ritual de pegar essa peça redonda preta, botar para girar e colocar uma agulha em cima para reproduzir o som tem algo de alquímico, mesmo. E também tem isso que voce reflete a partir do trecho da Susan Stewart: construir a nossa discografia tem algo de organizar nossas escolhas e, a partir disso, expandir nossos prazeres.

De minha parte, dos meus 30 e poucos discos que tenho em casa, há uma predominância pelo rock alternativo/independente dos anos 1990/2000 e pelos cantores-compositores que gostam de pirar em vários estilos e que vão registrando esses experimentos conforme o tempo passa, tipo Neil Young (tenho três vinis dele até agora). Tenho um carinho especial por todos os discos que escolhi.

Uma pergunta para fechar meu comentário, Carol: curte a banda do John Darnielle, The Mountain Goats?

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eu fui totalmente na tua linha contrária: eu trouxe meu toca-discos e metade dos vinis comigo pro outro lado do mundo. A poesia da história acontece 3 anos depois, quando eu compro um apartamento em Estocolmo e a antiga dona é Britt-Marie, uma senhora de 70 anos que resolve me deixar o toca-discos e metade da coleção dela.

domingo é meu dia de ouvir discos e, além do apelo de descobrir bandas que não estão na internet, de vez em quando a capa do disco tem uma dedicatória de algum amigo de Britt-Marie... muitas delas dos anos 60. é muito muito legal.

no mais, chega de scroll infinito, peloamor.

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Mar 19Liked by Carol Bensimon

Esse teu texto me remeteu ao último filme de Wim Wenders. Viu?

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Mar 27Liked by Carol Bensimon

Sobre o “item 6”, Tadao Ando, um dos arquitetos que mais admiro dizia: “a condição de estar faltando algo que deveria estar presente estimula o espírito humano”. Mas é fácil se perder em relação ao que REALMENTE deveria estar presente.

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Mar 22Liked by Carol Bensimon

Eu vou na contramão de todo mundo pra dizer que:

1) ah, Carol, amo seus textos!

2) essa cena do romance Devil's House já me faz querer ler ele todo!

3) aguardando ansiosa a conversa do grupo sobre Temporada de Furacões

Um forte abraço"

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eu gosto que o disco cria um elo entre os sentidos, que a gente acabou perdendo com a música digital. é tato, audição, visão, olfato (minha rinite alérgica que o diga).

Se eu pudesse escolher um disco para comprar hoje seria o Burnier e Cartier. Sou da música brasileira.

No mês que vem, para contemplar os gringos, levaria para casa The Madcap Laughs, de Syd Barret.

beijos, Carol, boa audição!

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por mais que a tecnologia evolua e tudo esteja na "nuvem", uma verdade permanece: o ser humano também é tátil. a gente não pode abrir mão desse sentido.

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Discos 🥰

Eu tava quietinha aqui, agora já quero um toca-discos.

O meu disco do mês seria da Tracy Chapman.

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Mar 27Liked by Carol Bensimon

traduziu demais um sentimento que tenho com essa vastidão de música pra ouvir e filme pra assistir. Aí quando olho pra minha coleção de dvds eu me sinto bem, e agora percebo que contexto e narrativa que essa coleção foi criada (e por ser bem limitada pelos meus recursos e até tempo de assistir tudo) tem uma história, a minha própria. Ainda quero ter uma coleção de discos, quem sabe.

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Mar 26Liked by Carol Bensimon

Ótimas considerações. Pensei em várias coisas. Teve um jeans, comprei com o dinheiro que sobrava ao escolher os lanches mais baratos na cantina da escola, ou nem lanchar. Meu pai ficou surpreso. Minha mãe não disse nada, apenas sorriu. Essa experiência teve um sabor inesquecível, volume dez em intensidade e graça.

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Mar 26Liked by Carol Bensimon

Se esta edição estivesse impressa, desconfio que eu teria sublinhado quase tudo :) Gostei demais!

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Gostei muito desse texto!!! Eu também tenho uma vitrola e uma pequena coleção de discos que as pessoas foram me dando sabendo que eu gostava desse ato,que pra mim é de certa forma poético, de parar tudo pra sentar e ouvir musica vinda direto da vitrola.

Mas confesso que ultimamente meus discos e minha vitrola andam parados. Nessa coisa de ouvir música por serviços de streaming eu acabei deixando de lado algo que é tão simples e sublime que é ouvir música direto da vitrola. Mas quem sabe agora eu volto a cultivar esse hábito.

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"Quando alguém para de ler ficção, todo mundo em volta perde com isso" isso aqui…

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Mar 20Liked by Carol Bensimon

O final cabeção me pegou muito, apesar de eu tb ser do vinil. Já me peguei pensando sobre essa monotonia do infinito, de tudo ao alcance. Até lá nas mitologias gregas, se a gente parar pra pensar, sempre rolava uma puniçãozinha singela de fazer "X" para sempre e então o(a) punido(a) fica reduzido(a) àquilo. O que gosto do "progresso" é que ele existe, tb está ao meu alcance (que privilégio!) e posso optar por ele eventualmente. Assim descobri Grizzly Bear e comprei um vinil deles. Mas aqui no coração da minha sala, apesar do alcance infinito, eu bem que queria dizer "Alexa, pega o disco do Grizzly Bear e coloca pra tocar na vitrola". Baita texto, Carol!

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Este trecho "ter tudo ao alcance tira sim um pouco da graça e da intensidade das experiências" me faz pensar no que a Internet tem se tornado nos últimos 20 anos e quanto está ficando sem graça em alguns aspectos.

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Mar 18Liked by Carol Bensimon

Não acredito (mentira, acredito sim) que você ouvia Jewel! Qual sua música favorita? 😬

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