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Jan 3Liked by Carol Bensimon

Talvez o fato de que podemos hoje ouvir qualquer música desejada a um ou dois clics de distância tenha tornado o ato de ouvir música um pouco menos sagrado e algo mais mecânico. Na década de 80, lembro, deixávamos uma fita cassete engatilhada no tapedeck nas teclas play-rec-pause, só esperando a rádio tocar o desejo daquela semana, daquele dia. Além da questão da grana, da impossibilidade de se ter todos os discos que o coração almejava, havia o intervalo entre o lançamento do álbum e sua chegada nas lojas de discos (ainda mais numa cidade do interior gaúcho). À beira do 3 em 1, éramos caçadores de fugacidades. Praguejávamos contra vinhetas poluidoras, ou locutores que adoravam atropelar o fim da canção. Agora o streaming nos dá o gozo imediato, mas com isso também mata uma parte da experiência, ao suprimir o velho tempo de espera, o tempo da posse, onde o desejo ia se complexificando com outras camadas de significação.

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Muita gente fala da crise dos 40, mas acho que não chega a ser crise. Entendo que dos 40 em diante deixamos de fazer questão de acompanhar o mundo e ele vai ficando diferente daquilo que gostamos e estamos tão acostumados. Com 41, minha playlist é basicamente a mesma de 20 anos atrás e vejo o mainstream musical como um fluxo ininterrupto de lixo (Lol!).

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Dec 28, 2023Liked by Carol Bensimon

No "meu Brasil", Bryan Adams aconteceu sim. 🤣 Fui a um show dele há alguns anos, com Summer of 69 e todos os sucessos da minha adolescência. Foi demais!

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Jan 3Liked by Carol Bensimon

Excelente. Quando li “bryan adams”, minha mente foi direto no meu pai. E aí todo o texto fez mais sentido ainda. <3

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Também compartilho da sensação da leitora abaixo que cita o show do Bryan Adams e o quanto ele de fato "aconteceu". Eu também vivi Summer of 69 ao vivo, é uma coisa inexplicável porque é uma música que evoca nostalgia na turma de 85 enquanto cantava sobre a própria nostalgia. Tudo isso pra contar que eu um dia entrevistei o Bryan Adams e ele se mostrou ainda completamente surpreso com o fato de que Heaven foi um hit no Brasil e só no Brasil. Que toda vez aqui, tem que tocar essa música que ninguém mais pede, só porque foi tema de uma novela há umas décadas. Eu gosto desse caráter inexplicável da música - a gente sabe o que faz um hit, existe toda uma engenharia pra isso, mas não é "só". Há um caráter que une pessoas em torno de uma combinação específica de notas e versos que ao mesmo tempo parecem tão pessoais e feitos pra nós e ainda assim tão universais. Enfim, sou grande entusiasta, por isso acho que talvez a resposta esteja justamente em mudar a forma como recebemos a música, em buscar aquilo que ressoa aqui dentro, seja lançado hoje ou há meio século.

Tendo dito isto, provavelmente agora entrarei no túnel do Third Eye Blind e sabe lá onde a internet vai me levar. Me deseje sorte rs

Escrevi sobre essa vontade de voltar a descobrir coisas como a gente descobria música na internet há um tempo atrás, talvez sirva de complemento a tudo isso para quem gosta do assunto: https://imaginaso.substack.com/p/terra-a-vista

Boas audições pra todos nós em 2024!

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Dec 30, 2023Liked by Carol Bensimon

Eu ainda descubro artistas novos e músicas novas q entram na minha playlist mental. Mas deve ser pq ainda sou meio adolescente em temos de maturidade emocional hahahahh

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founding

Sabe uma música que me lembra dos meus 15 anos e que me dá vontade de sair pulando? “La Passion” do Gigi D’Agostino. Ahahahah... Ai ai Carolina, só você mesmo pra me levar pra lá 😏

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Bottles and bones foi ponte entre dois tempos pra mim. Fiquei que nem louca tentando lembrar de que trilha sonora fazia parte e apenas sosseguei quando lembrei (stranger than fiction) putz...música é pancada sensorial forte. Obrigada por essa lembrança que nem sei do que é mesmo mas despertou muitas sensações em mim! ❤️

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confesso que tenho leve preguiça de músicas que viralizam ao extremo hoje em dia. elas tocam tanto, mas tanto, que em 3 meses já me dá fadiga!! enquanto as músicas que marcaram minha adolescência e inicio da vida adulta, seguem tocando no meu spotify ad eternum...

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Vc chegou a ver um mini vídeo da Luiza do Cansei de ser sexy? Nele ela diz aos jovens de hoje para que ouçam discos por inteiro, que experimentem se relacionar com álbuns, pq isso muda nossa percepção da juventude la na frente (no caso, a gente hoje). Eu ainda ouço basicamente tudo que ouvia quando adolescente e tenho essa mesma impressão com semi charmed life... O pop atual nao me pega, mais pelo estilo - nao gosto de música sem instrumentos musicais de verdade e as letras pouco me dizem respeito. Gostei da sua definição de musica da zara, embora rihanna nao lance um disco novo há mais de dez anos! Bom 2024 pra ti

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Dec 29, 2023Liked by Carol Bensimon

Nível 100% de identificação com o que escreveu. Lembro que Nick Horny escreveu algo sobre como se deve prestar atenção no poder da música pop. rsrs E tem o personagem do livro dele que fala "O que vem antes, a música ou o sofrimento? Eu ouvia a música porque sofria? Ou sofria porque ouvia música?". Que, apesar de ser o inverso do que disse que sente com algumas músicas, é a "mesma coisa", entende?

Acho que música pop (no sentido amplo) é um lance quase inseparável do contexto geral - comportamento, imagem, lugar, época etc - e do contexto íntimo - nossos momentos, experiências, sentimentos, memória etc. Música pop é gatilho por natureza e vocação rsrs

Lembro desta cena do filme "Garotas" e ali, a música da Rihanna é bem mais que um hit da Rihanna. Aliás, Céline Sciamma tem outros 3 filmes que merecem ser vistos: "Retrato de um Jovem em Chamas", "Pequena Mamãe", "Tomboy" e tem ainda o "Paris, 13 Distrito", que ela fez o roteiro.

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Dec 29, 2023Liked by Carol Bensimon

Esses dias foi o meu aniversário e bateu uma vontade de ouvir músicas que me marcaram ao longo da vida. Fui do pop nacional (S&J) ao rock internacional, passando por tantos outros estilos, vocais femininos (adoro!)... É justamente sobre memória afetiva. Sinto que o que nos envelhece é essa convenção da sociedade sobre o tempo e o calendário gregoriano. Não sou mais a mesma de 20 anos atrás, mas ainda sou aquela garota e a música faz parte desse processo. Houve um momento na adolescência e início da vida adulta que eu me fechei musicalmente, ouvindo sempre as mesmas coisas. Nos últimos anos, tenho me relacionado de maneira diferente com a música e tenho descoberto muita coisa legal. Sinto que essa abertura para a música, de alguma forma, me abriu para o mundo também. Todo ano a retrospectiva do Spotify me mostra o quanto eu expandi meu gosto musical (meu top 10 sempre varia) e eu fico feliz com isso. Há muitos artistas maravilhosos para além do mainstream, é só se permitir e deixar se surpreender.

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Você tocou num assunto interessante, que é o da indústria da memória. Há um gênero musical chamado vaporwave que é 100% dependende da nostalgia pelos anos 90. Fui uma vez, quando vivia em Chicago, a uma apresentação de um DJ de vaporwave. Foi um dos eventos mais caídos que já fui.

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Carol, te lendo tardiamente, mas cá estou haha Summer of 69 é uma música que amo, associo a 2011 que talvez tenha sido o ano com essa batida pra mim. Te entendo sobre música da academia/da Zara, difícil conectar. Talvez estas músicas estejam, nas letras e nas melodias, retratando dores e delícias que já não nos tocam. Será isso?

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Carol, em primeiro lugar, feliz 2024! Feliz de encontrar sua newsletter em 2023. Amo!

Sobre A Rhianna, tem duas músicas dela que gosto muito e me leva a lugares especiais e eu não sei como: "We found love" e "Diamonds".

Diamonds me parece mexer com muita gente.

Metallica cantando é muito bom --> https://www.youtube.com/watch?v=l1fIA-J1tYY

Mas, nostalgicamente, também uso pra faxinar a versão brasileira-pagodeira --> https://www.youtube.com/watch?v=fP5MxbZ5Df0 (#prontofaleitoleve kkkkkk)

PS: Sia, uma cantora e compositora pop atual e de quem gosto de bastante coisas, participou da composição dessa música (Diamonds).

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